sonhei com um corredor escuro, estreito, e eu corria pra ver o que tinha do outro lado.
mesmo com todos me dizendo pra não ir, que não valeria a pena, mesmo todos me segurando, eu corria.
sentia as vertigens de quem corre exaustivamente, mas não conseguia parar, queria saber o que tinha do outro lado.
ouvia vozes, risadas, gritos, mas não conseguia ver ninguem. e nunca chegava ao fim...
mas sempre que eu acordava ele estava do meu lado. o sonho parecia tão distante que eu não levava a sério.
e ele sempre fazia de tudo pra eu não ver o caminho como um corredor. mas ainda assim era estreito, e eu sempre sufocava.
ele era a paz que meu coração pedia, mesmo quando as paredes se fechavam, deitar no peito dele e ouvir seu coração era suficiente pra eu sentir parar o mundo...
mas o mundo não parava e por mais que eu evitasse toda noite era o mesmo sonho. o mesmo corredor, com as mesmas vozes, risadas, gritos, choros.
as mesmas paredes... cada vez mais estreitas. eu cada vez mais sem ar...
até que numa noite o sonho foi diferente...
ele estava la. no corredor. me puxando e me empurrando com a mesma intensidade.
chorando e rindo com a mesma feição.
e mesmo com algo gritando dentro de mim, dizendo que eu deveria ficar com ele aonde ele estivesse, meu corpo cedeu.
fui fraca, não aguentei a claustrofobia que o corredor me causava e corri...
mas desta vez eu não queria ver o que tinha do outro lado. eu só conseguia correr.
enquanto eu corria eu ouvia a voz dele gritando meu nome. por mais que eu corresse a voz não se afastava e a cada grito eu sangrava...
as vertigens eram cada vez maiores, mesmo assim eu não conseguia parar.
e de repente o corredor se abriu e eu vi grandes avenidas, cheia de carros que buzinavam e quase me atropelavam enquanto eu corria, mesmo sem ouvir a voz e sem ver o corredor, eu corria...
mesmo sem saber exatamente pra onde ir e do que eu corria, eu corria...
e quando meu corpo não mais aguentou eu parei e todo aquele barulho, toda aquela luz, tudo aquilo era muito mais assustador do que o corredor. e eu gritei... e acordei...
mas desta vez ele não estava do meu lado. e nem o cheiro dele eu sentia.
mas minha gata acariciou meu rosto e se deitou na minha barriga...
e quem sabe isso me ajude a voltar a dormir...
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando,
vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu.
[Luis Fernando Veríssimo]
Um comentário:
trash movieeeeee
Postar um comentário