o pedaço de silêncio...

aquela sensação de novembro está voltando...
e eu sei e o livrinho sabe que vai ser assim seempre.
ou pelo menos enquanto eu for EU.
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pode ser...
pode ser que o dia que eu mudar de mim as coisas deixam de ser assim pra mim.
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capaz...
já que o meu problema é comigo.
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é isso...
vou ser mais eu comigo pra mim e por mim.
o que eu teria a perder?!?
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EU?!?
eu já me perdi faz tempo.
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o meu caminho eu perdi quando achei que era o único caminho a seguir.
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enfim...
depois disso perdi o cérebro entre um cigarro e outro. entre uma vida e outra. [e outra, e outra]
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pois é...
já o meu coração foi mais difícil...
eu lutei por ele, lutei com ele.
mas um coração mal acostumado sofre de abstinencia fortissima.
e quem não quer um coração tããão bonitinho na sua estante...
eu lutei...
mas me roubaram... e eu acho que eu resgatei, só pra jogá-lo fora.
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e agora essa...
só me faltava essa. não tenho mais nada a oferecer.
mas não se cansam...
querem minha alma.
num potinho.
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então...
esse fim do ano quer FORMATAR a minha vida, mas eu não sei como, nem sei por que, mas sei que mesmo o que restou de mim em mim é suficiente pra lutar por uma paz que eu ainda não conheço... mas sei que vale todas as minhas fichas.

meu coração lá de longe faz sinal que quer voltar
já no peito trago em bronze não tem vaga nem lugar
pra que me serve um negócio que não cessa de bater
mas me parece um relogio que acaba de enlouquecer
pra que que eu quero quem chora se eu estou tão bem assim
e o vazio que vai lá fora, cai macio dentro de mim
Arnaldo Antunes